domingo, 19 de fevereiro de 2012

Violência contra mulher - Caso Eloá.

Lindemberg (sentado com algemas) - retrato atual da antiga violência
Eu sei que é Carnaval e que esse post será acessado por alguns gatinhos (queridos) pingados.
Eu não me importo com Carnaval. Na verdade nunca gostei. Isso sempre me lembra meu contínuo e precoce sentimento de não pertencer e de não ter a mesma identidade da grande massa nacional.
O triste retrato acima é do jovem Lindemberg. Seu crime: assassinar a ex-namorada.
Duas coisas paradoxais me chamam a atenção e me entristecem igualmente: Lindemberg é  um lembrete de como nossos meninos AINDA são criados. Muita tecnologia, videogame, celular etc e "valores" machistas. Lindemberg não consegue ver uma mulher como ser humano igual. Uma mulher é um bem material, de uso único. Se não ficou com ele, não deve ficar com mais ninguém. Durante o execrável episódio em que matou sua ex-namorada, ameaçou matar-se várias vezes após matá-la. Por que não fez? Foi impedido tão rapidamente? Acredito que não. Lindemberg apenas julgou que sua vida valia mais que a dela. Afinal, o que é a vida de uma mulher frente a sua dor de macho frustrado? Esse rapaz de mente obtusa é apenas um em uma geração inteira de rapazes do século XXI que são criados ainda dentro dos padrões machistas de séculos passados. A causa da morte da ex-namorada foram as balas da arma de fogo. Mas quem disparou a bala, causa maior, foi a criação machista e os preconceitos absorvidos que a sociedade reforçou (e/ou criou) em Lindemberg. A causa da morte de mais uma mulher foi o machismo. Até quando? 
A sentença de Lindemberg foi de 98 anos e 10 meses. Mas na verdade, cumprirá apenas 30 (ou 26 anos e alguns meses, já que se encontra preso há 3 anos). Tem gente que se contenta, afinal, fazer o que? Eu acho pouco e sou a favor de prisão perpétua, embora saiba ser impraticável dado ao atual (e também antigo) esgotamento do sistema penitenciário.
Chama a atenção o fato de serem as protagonistas de defesa e acusação ambas mulheres. Na cadeira de Juíz, um jovem mulher também. Isso deu todo um ar de "modernidade" ao Tribunal. Pura ilusão. Todas as mulheres ali presentes estão amarradas a um Código Penal ultrapassado e machista em sua essência.
Sim, eu sei que o nome da vítima era Eloá. Só não julguei respeitoso usá-lo na mesmas linhas que as de seu assassino.

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