terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mulheres ricas. Sério?!

"Mulheres Ricas" é o pseudo-reality da BAND, atualmente em exibição.
Por onde começar? Pelo menos óbvio. O constrangimento infeccioso plasmado na figura do cego (será?) e devoto namorado de Narcisa Tamborendegy. Quem tem memória, vai se recordar do jornalista Guilherme Fiúza das páginas da Época ou dos programas de entrevistas (ele foi autor do livro Meu nome não é Johnny). Quando esta memória voltar, explicações serão desnecessárias para o espectador. Fazia tempo que não via mico desse tamanho. Sério, Guilherme? Mesmo, cara? Até reality show fake? É acessor e namorado de Narcisa? Ok. Sem julgamentos.

Cara dele ao se lembrar do sua credibilidade como jornalista...

O programa é quase almodavariano, no limite do pastelão. As mulheres são caricaturas da riqueza. Sequelas vivas da riqueza associada à falta de conteúdo maior. Tudo parece encenado, porque de fato é. Mesmo quando as câmeras desligam, esse grupo de mulheres têm em comum a necessidade de viverem personagens full-time. Incrível perceber como o dinheiro é vendido como o "poder de ter" na frustrada tentativa de responder ao apelo maior, "do ser". As mulheres ricas cometem os mesmos enganos que nós. Só que em escala maior e agora de forma divulgada. A origem da riqueza parece não importar. Sendo a nova rica ou a herdeira quatrocentona, todas revelam sua ansiedade, angústia e fraquezas, cada vez que levantam uma taça de champagne ás 10 da manhã e forçam as musculaturas botoxicamente paralisadas num sorriso de revista. Caras. Caras é o título de revista (do segmento) mais irônico e sarcástico ever. Tanto que acho que deve ter sido de propósito. Caras, faces, rostos, máscaras. Mulheres ricas podem comprar e construir máscaras melhores? Não sei. O reality é com roteiro, pré-gravado. Mais um véu. E mais uma evidência da necessidade de projetar no valor material de grifes e posses um valor que, supostamete, tais mulheres duvidem ter de fato.
A dissociação da realidade é a tônica do programa. A idéia do roteirista era a seguinte: como aumentar a audiência de uma classe C, mal estudada/preparada e doente para consumir? Já sei: vamos mostrar o mundo de quem estampa sua "ração de leitura" semanal. Mas não o universo que aproxima a todos nós. Vamos mostrar e evidenciar a distância, mas com humor, para não provocar a ira dos descamisados. O programa é pós-Joãsinho Trinta (pobre gosta de luxo!) e ironicamente registra a decadência da classe rica, da elite, para o novo poder no setor econômico (a tal classe C whatever). Eu fico pensando: essas mulheres não têm medo de sequestros afinal?
Não têm. Mulheres ricas nos apresentam mulheres com dinheiro. E absolutamente carentes de atenção, dependentes químicas de luzes, fotos, festas e camarotes VIPs. Tão desesperadas para se sentirem alguém que toparam uma furada dessas...
Pra quem quiser encarar, ou para pedir dinheiro emprestado no futuro, as mulheres ricas são Narcisa Tamborindeguy, Brunete Fraccaroli, Débora Rodrigues, Val Marchiori e Lydia Sayeg. Sim, eu sei... who?
Oi, somos ricas, gentalha! Mas pagar um mico desses na TV é priceless!


Um comentário:

Claudia disse...

Eu li aqui e não consegui acreditar. Poxa, gosto (gistava) do Fiuza!! Que super estranha esta união, hein? Fiu até investugar e veja a frase que encontrei para justificar o namoro: "Sou um pouco mais doido do que você imagina e ela é um pouco mais profunda do que você pensa", defendeu o jornalista quando questionado sobre a união.
Ou como diria uma senhora distinta que conheci outro dia: "Homem gosta é de buceta!". Hahah, aí sim eu vejo profundidade na Narcisa...
Beijo!!! Nice post!