domingo, 29 de janeiro de 2012

Era da Cultura da Convergência e Ensino


Professor fundador do programa de Estudos de Mídia do famoso MIT (Massachusetts Institute of Technology - praticamente um ninho de geeks e nerds com QI nas alturas), Henry Jenkins (quem mantém um blog de ensaios - www.henryjenkins.org) é um desses caras visionários e que vê nas ferramentas tecnológicas oportunidade de melhoria da capacidade do ser humano pesquisar, estudar e construir uma mente mais aberta a soluções mais criativas sobre educação em todos seus níveis. 
Li recentemente sua obra, cuja capa está no início desse post. Embora ligeiramente desatualizada, a edição de 2008 já trazia informações que se confirmaram verdadeiras e outras que ainda permanecem atuais, apontando possíveis caminhos para lidar com a informação e suas novas vias de "escoamento" e vazão. E não é isso que a Educação faz também? Desde minhas toscas apostilinhas xerocadas até as atuais Salas Virtuais, AVAs e tutoriais de ensino, acompanhei essa transição das formas de obtenção de informação com olhos otimistas.
Dizer que o carro é o responsável por tirar a vida de milhões de pessoas é o mesmo que atribuir a responsabilidade de todos os acidentes à máquina e não à condução irresponsável de um automóvel ou ao péssimo estado de nossas estradas. Não importa a tecnologia (midiática ou não) - sempre será seu o modo de utilização pleos seres humanos que conduzirá a resultados positivos ou negativos.
Então até certo ponto do passado, tínhamos que buscar informações em jornais impressos, revistas, periódicos, livros. As mídias atuais permitem isso em um acervo gigantesco que inclui textos, vídeos, imagens etc, porém exigem capacidade de leitura, participação, interação do usuário e até mesmo sua contribuição para a formação de mais informação (taí a wikipédia, por exemplo). Como ainda temos ambas as mídias (tradicionais e atuais) em coexistência, observamos diariamente um duelo entre ambas. Não é preciso dizer quem está ganhando esse combate, não é?
Sejam alunos ou consumidores, não basta mais a informação estagnada e engessada. Ao usar um sistema de busca, um estudante tem acesso a n informações sobre um tema e um texto acessado oportuniza outros links e assim por diante. A revolução da cultura da convergência se trata do uso crítico das ferramentas digitais e de sua melhoria pelos próprios usuários. Professores e alunos não serão perguntados se gostam ou não desse jeito: ele está ai e é um fato. A revolução já se iniciou...
A cultura da convergência aponta para a necessidade de apropriação e resignificação de conceitos e pré-conceitos e para a necessidade premente de "letramento" de nossos estudantes. Ou seja, você pode ter um mega computador, banda larga whatever...mas se não souber ler (inclusive em inglês), interpretar e analisar um texto, você fica na mesma que alguém sem as mesmas facilidades. A inclusão digital portanto não se resolve com a presença física de computadores. Isso é apenas a estrututa básica. É o uso, exploração e aproveitamento crítico das informações que de fato incluem indivíduos. 
E voltamos então à questão principal: como alfabetizar, ensinar a ler, interpretar um texto? Como ensinar a redigir um texto coerente? Como ampliar o horizontes de idéias e pensamento crítico acerca de nossa realidade? 
Recomendo a leitura, mesmo sendo um livro do remoto ano de 2008. Leitura gostosa e possível mesmo para leigos em marketing e mídias. Obrigatória para educadores, especialmente aos resistentes à era digital. Não, não há soluções mágicas. Mas a observação e a análise de fenômenos midiáticos como, por exemplo, a febre da série Harry Potter, são um prato apetitoso para quem tem fome de entender, cada qual em sua realidade, como abraçar de modo profícuo e eficaz as novas mídias (dentro do que cada uma oferece) ou de como preparar as novas gerações para que se beneficiem das mesmas. 
Abra sua mente. A Era da convergência cultura está em andamento. Só que nosso país ainda sofre com o descaso do Estado no início de todo esse projeto: saber ler (de fato) e desenvolver um raciocínio crítico. Enquanto não exigirmos e darmos condições democráticas de acesso à educação fundamental e média, jamais seremos agentes de transformação. Jamais nos beneficiaremos da cultura da convergência. Teremos uma nação de estudantes estagnados no control c + control v.
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Você pode pensar: nosso país é pobre, muita gente não tem acesso a nada...Sim, você tem razão. Nosso país ainda sofre com falta de saneamento básico. Não falta dinheiro. Somos o país dos impostos. Falta fiscalização do governo, postura ativa do eleitor, saúde e educação. Então, nosso caminho será mais longo para que uma população maior se beneficie da referida cultura. Mas é possível. Basta investirmos quantias realistas em educação básica e fundamental e na estrutura de vida de nossos cidadãos. Enquanto isso não ocorrer... Teremos a maior nação do planeta à margem da Cultura da Convergência, embora sejamos campeões em usuários de redes sociais (que podem ter seu uso modificado e melhorado com a abertura das mentes).
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Pos-post: Comprei meu exemplar no estantevirtual.com.br bem baratinho e em excelente estado. Ficadica!








2 comentários:

JulianaSav disse...

Jú, mais um ótimo texto!
Maravilhosa sua capacidade de se manter atual mesmo tratando de assuntos/problemas antigos; linda sua capacidade de migrar, evoluir de uma leitura inicial, passando por métodos de educação e finalizando com críticas à "escolhas" do Governo acerca de assuntos já conhecidos, mas nunca tratados desta forma abrangente (pelo menos eu nunca vi tal abordagem.
Isso mostra seu talento pra ver as coisas de uma forma global que eu e muitos não temos (ou talvez o fato de estar na área de ensino, isso seja algo natural e rotineiro...)
Bjos, de sua fã e chará, Juliana ;*

Ju disse...

Oi, Ju
Muito obrigada pelo carinho de seu comentário! Continue acompanhando, pois retomarei o tema outras vezes.
Bjs da chará ;*