sábado, 23 de fevereiro de 2008

Dois meses

Hoje (22/02) fez dois meses que você precisou partir. Sei que nos deixar não foi fácil para você, sempre tão atenta e preocupada como todos. Às vezes, tenho a impressão que foi ontem e às vezes de que foi há muito tempo. Ainda sinto a sensação da sua mão e seu cabelo. Ainda vejo seu olhar distante e confuso.

Estou com um quadro seu em minha casa. Espero que não se importe, mas ele sempre foi importante para mim. Está em um lugar de minha sala e de minha rede posso vê-lo. É seu quadro com a oração de São Francisco de Assis. É a coisa que mais fortemente me remete à sua casa e aos momentos em que estivemos juntas por lá.

Parece que o mundo se lembrou de sua partida. Este dia 22 amanheceu com um céu choroso, cinza e denso. Lembrei-me de você em muitos momentos, mas tenho tentado não ficar alimentando muito esses pensamentos, porque fico muito triste. Muito. A impossibilidade do encontro concreto, de tocar, de ver de fato, de sentir cheiro e calor é a violência da morte. É uma ausência presente. Uma falta que nos dá frio, um frio que não esquenta, um choro preso que não sai, um peso que não alivia nunca.

Vó, como tem sido desde 22 de dezembro, esse foi mais um daqueles dias estranhos e doloridos. Espero, torço, rezo para que você esteja bem. O que será que você está passando por aí? Estaria precisando de algo? O que poderíamos fazer daqui? Ainda sente dor? Com quem deve estar? Já riu novamente? Sinto saudade de sua gargalhada há tanto tempo...

Aqui, continuo na luta, como a senhora sempre soube. Tem dias, como ontem, que são piores. Continuamos mesmo assim.

Receba meu beijo e meu abraço apertado. Na verdade, acho que nem eu mesmo sabia o imenso espaço que você ocupava dentro de mim.

A foto das rabanadas, você sabe por quê.

Nenhum comentário: