Dor, dor de bicho mesmo. Dor de carne sua sendo arrancada.
Dias atrás fez 1 mês que estamos sem ela, mas isso é modo de dizer. Sentimos e pensamos nela todos os dias. Tenho a sensação de ela partiu ontem.
Minha vó é minha lembrança mais antiga do deboche, arte para poucos.
Mulher forte, mistura de espanhol e italiano e sabe-se lá mais o quê, tinha uma gargalhada que podia ser ouvida da entrada de sua casa. Quando se reunia com suas irmãs (minhas tias-avós)então...as risadas eram ouvidas pelo quarteirão. Minha vó não fazia média pra agradar ninguém e não tinha papas na língua. Um luxo!
Recebi muita coisa boa nesta minha vida. Esta avó foi uma dessas coisas especiais, espécie de arma secreta para tornar qualquer criança mais feliz e mais forte.
Em fevereiro de 2007 ela infartou. Talvez outra pessoa tivesse morrido, mas minha vó Dette não era de se entregar assim, sem lutar. Sempre foi uma espécie de rebelde (pra terror de suas enfermeiras e cuidadores!). Assim, batalhou por todo um ano. Mas foi ficando cada vez mais triste por se ver tão limitada...Ela que sempre viajou, que ia de um lado pro outro, que adorava uma estrada e suas surpresas e que dizia ter sangue de cigano!
Nas últimas vezes em que a visitei em sua casa, ela não pronunciava uma palavra. Cada vez que eu estive por lá, sentia que ela estava cada vez mais desligada de tudo ao seu redor.
Impressionante como uma pessoa vive dentro da gente de modo tão intenso, a ponto de sermos capazes de fechar os olhos e ainda sentirmos seu perfume, ouvirmos sua voz, sua risada.
Uma das mulheres mais importantes em minha vida.
Vó, neste dia 26/01 estaremos todos juntos, de novo, pra mandar muita energia positiva para que você continue sua jornada (você que adora viajar!). Cuide-se!
Receba a saudade de sua neta que te ama.
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