domingo, 11 de setembro de 2011

11/09- Dez anos depois

Por motivos óbvios, esse mês, a TV a cabo está inundada de especiais sobre o lamentável 11 de setembro.
Para quem viu, ao vivo pela TV o segundo avião atingir a torre (como eu), parece que foi ontem. Além da tragédia humana (a mais importante para mim) e apesar de todos os esforços dos cidadãos norte-americanos comuns, a verdade é que esse dia ainda não acabou.
À frente da nação, um presidente que beirava a idiotice (no pior sentido da palavra - que indica incapacidade cognitiva), Bush filho. Se você não sabe nada desse cara, recomendo que assista a obra-prima intitulada W. (em cartaz no TC premium) que narra a trajetória errante de um rapaz republicano, ignorante, filho problemático e etilista, péssimo aluno (só entrou em Harvard por influência do pai) e absolutamente inconsequente (daqueles que engravidam um moça e que o pai "dá um jeito", sabe como é?). Os esforços de seu pai para forjar alguma fibra e caráter, foram inúteis para o limitado Bush filho. Acabou na política por não conseguir fazer outra coisa, exceto mentir ( e mal por sinal). Enfim...
A resposta de Bush filho ao ataque ( a guerra e ocupação dos territórios) repercutem até os dias de hoje. A destruição e o desequilíbrio socioencomômico imposto aos povos do Oriente Médio levarão, na previsão mais otimista, mais de 100 anos para se acomodarem. Até hoje, mais de 40 trilhões de dólares foram gastos nessa guerra. Não economia que resista. A recessão enfrentada hoje nos EUA é fruto do 11 de setembro e das ações irresponsáveis da equipe de Bush filho. Aquele dia não terminou. Desabaram as torres, símbolo do capitalismo e do sonho americano, e numa espécie de bola de neve crescente, vieram a ruína econômica e o desarranjo das finanças do Estado. Obama, visto como uma espécie de Messias em tempos pós 11/09, herdou uma potência falida, um esquema de ocupação militar difícil de reverter em pouco tempo no frágil Oriente Médio e uma nação crédula de que ele, em apenas 4 anos, fosse capaz de desatar todos os nós iniciados na Era Reagan e perpetuados na Era Bush (pai e filho). Obama é um cara preparado, mas não faz milagres. Daí a queda de sua popularidade atualmente.
Bem, o contexto socioeconômico e político é sabido.
O que me toca profundamente são as histórias humanas. Hoje será inaugurado o memorial das vítimas desse dia. É ma espécie de buraco quadrado, bem fundo, com quedas d´água. Ao redor, placas de aço com o nome de TODAS as vítimas. Detalhe: não há ordem alfabética. Os nomes foram dispostos de modo que que as relações entre aquelas pessoas também fosse perpetuadas. Assim, um casal de noivos terão seus nomes juntos para sempre. O mesmo para amigos e familiares. Achei isso de uma delicadeza ímpar. No monumento, o principal elemento é a profundidade, o vazio. Porque é isso que fica para quem perdeu alguém na tragédia. Ao redor do monumento, centenas de árvores. Vida que insiste, apesar de tudo. É um lugar que pretendo visitar, dado seu significado, beleza e impacto. O arquiteto planejou um lugar bonito, onde crianças possam correr e brincar entre árvores. Um lugar que servirá de túmulo para milhares cujos restos mortais jamais foram encontrados. Um lugar para seus familiares poderem visitar e prestar suas homenagens, tocar os nomes no aço, relembrar os que se foram e que nunca puderam ter um funeral.
As famílias que ficaram puderam participar o tempo todo do planejamento e da construção do monumento. Assisti um cena imensamente tocante: os pais que perderam a jovem filha foram até a metalúrgica para assistir a gravação do nome dela na imensa chapa de aço. Não tenho palavras para descrever. O corpo da jovem Jean jamais foi encontrado...
Assisti aos testes dos encanadores para checar o fluxo da água e detalhes de engenharia. Até aí, só uma obra. Mas era muito mais. Um dos encanadores perdeu a mãe em uma das torres. Ver aquele homem durão assistir a água começando a jorrar e relembrar a mãe aos prantos, como um menino órfão, dá a dimensão humana da violência e da ausência que torturam os que ficaram. Sem palavras.
Esse é o 11 de setembro. Um halo ampliado de destruição e perdas que extrapolam o marco zero. 
É gente como eu e você. E não há como não se sensibilizar. Não eram soldados treinados, eram pessoas que trabalhavam e que não tinham nada a ver com ações bélicas. Civis indefesos.
E é por este motivo que podem falar o que for que não mudo de opinião: o terrorismo é o maior ícone da covardia. Neste 11 de setembro, é fundamental lembrar até onde vai a covardia humana. No tempo em que vivemos não basta mais ser bom e honesto, é preciso muita coragem para sê-lo. E lembrar-mos que nem sempre fogo se combate com mais fogo.
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